24.10.04

Segundas chances

Venci a preguiça que me consome quando começa a Mostra Internacional de Cinema de São Paulo e vi Antes do Pôr-do-Sol, a continuação de Antes do Amanhecer, aquele filme fofinho em que dois estudantes, um americano e uma francesa, se conhecem num trem e se apaixonam enquanto andam por Viena. Depois de quinze minutos, eu já estava achando que ia ser como os últimos filmes do Linklater, um blábláblá sem fim onde nada acontece (pombas, Waking Life é muuuuuito chato, e olha que eu adoro animação).
Sim, eles conversam. Muito. Colocam dez anos de vida em dia, em uma hora e meia. Falam-falam-falam-falam. Mas os temas eram muito familiares. As escolhas que fazemos, as saudades da juventude, a súbita noção de o quão raramente alguns relacionamentos e pessoas acontecem na vida. Os surtos de quem tinha tanto para dizer, um ao outro, nunca teve oportunidade e de uma hora para outra vomita tudo, sem fazer muito sentido, e ao mesmo tempo, com uma coerência absurda. Recentemente, eu já ouvi e disse trechos inteiros daquele papo, ipsis literis. Só que, infelizmente, eu não estava andando à toa por Paris num dia de sol.

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