Estava eu, sabadão, no cabelereiro. Pego a primeira revista que aparece na frente, folheio, e lá estava um texto deste moço aqui, que parecia gritar comigo. Não havia uma linha que não me dissesse respeito. Eu, que já escrevi (e isso até entrou naquele infame spam) sobre a torpeza que é fugir de uma história com alguém por não ter coragem de terminá-la, quase provei do meu próprio veneno, menos de 24 horas antes de estar ali, com a revista na mão, esperando dar o tempo da tintura de cabelo.
A história em si não vem ao caso, nem os motivos. O fato é que até pensei em deixar tudo no ar, mas, palminhas nas costas, não deixei. Fui honesta, foi chato e estranho, mas foi melhor. Sei que tenho uma dificuldade praticamente orgânica de dizer não a qualquer coisa, mas essa situação em especial não acontece só comigo. É universal.
A lampadinha do porquê disso só acendeu hoje. É tão duro, até mais de se dizer do que ouvir, esse "não" a um coração estendido, porque vai contra tudo aquilo que mais queremos: amar e ser amado de volta. Mesmo quando não é o tempo, a pessoa ou o lugar certos. Afeto é uma daquelas coisas que se tem pena de recusar, como um Romanée Conti ou trufas toscanas. Você não quer negar, prefere deixar guardado para quando tiver vontade. Ou então tomar um pouco, para experimentar, ver como é. Vai que gosta... Mas pessoas e seus sentimentos não são vinhos ou cogumelos, para tomarmos apenas um golinho, comer um pouquinho, e jogar o resto fora ou deixarmos azedar numa prateleira assim, por egoísmo, ou medo de nunca mais encontrar tal iguaria na frente.
Dá dó cortar algo assim tão no início? Dá, é praticamente um aborto emocional. Mas tem que ser feito. É tentador deixar as portas do afeto abertas, mas tem vezes que fechá-las é o correto a se fazer. Nisso, vale a máxima universal: trate os outros como você gostaria de ser tratado.
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