25.1.05

Mais perto

Toda paixão envolve (adaptando Oscar Wilde) o triunfo da esperança sobre o autoconhecimento. Nós nos apaixonamos esperando não encontrar no outro o que sabemos estar em nós mesmos – toda a covardia, fraqueza, preguiça, desonestidade, comprometimento e estupidez bruta. Jogamos um laço de amor sobre o escolhido, e decidimos que tudo o que cair dentro dele estará livre de nossos defeitos e, portanto, digno de ser amado. Localizamos no outro uma perfeição que nos ilude dentro de nós mesmos, e por meio da união com o amado esperamos de alguma forma manter (contra evidências de todo autoconhecimento) uma fé precária na espécie.
(Alain de Botton em “Ensaios de Amor”)

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