15.4.05

Leste, oeste
Babel que é essa cidade, dá para experimentar a cozinha de praticamente todos os países (etíope e senegalesa foram as últimas que ouvi falar), e toda colônia, por menor que seja, tem algum tipo de festinha ou celebração. É só achar.
Quando uma amiga minha falou do Bulgarian Bar, eu sabia que tinha que ir. Ah, a tosquice dos meus conterrâneos... Aquele pop étnico que tá super na moda aqui, mal mixado para caramba, umas long necks de cerveja búlgara adocicada de quase um litro, uma pinga de uva que descia queimando. No telão, um show de uma drag queen que era assim uma experiência genética misturando Clóvis Bornay com Nei Matogrosso. Quando tocava Bregovic o povo ia à loucura.
E isso que era sensacional. A alegria. Todo mundo dançava como se não tivesse amanhã. A pinga de uva ajudava, mas era mais que isso. Já fui em lugares com gente bem mais bêbada e bem mais posuda. Não era um programa só da colônia; aliás, estava bem cheio de americanos por lá. E numa terra que o máximo que você pode esperar de um sábado à noite é dar seu telefone para alguém, a turma chegava junto mesmo. Homens em mulheres, mulheres em homens. E alguém ainda vai ter que voltar lá comigo, eles servem comida típica!
Isso foi no sábado. Três dias depois, eu tive uma French Tuesday, a festa dos franceses. Afff. A gente sempre pode creditar uma dessas pela curiosidade antropológica, afinal, estou em Nova York. Mas, para começar, homens só entravam de paletó. No jeans, please. A lista de convidados era uma coisa que você precisava ser indicado por não sei quem, tipo, uma super-exclusividade, assim. Eu, que tenho o maior fetiche em homem de terno e gravata (fiz faculdade de bicho-grilo, me deixa), empapucei, parecia festa de fim de ano da firma. Todos os jovens expatriados do mercado financeiro estavam lá, homens e mulheres, à caça. Ah, canseira. Mais uma vez, todo mundo chegando em todo mundo, mas de uma maneira tão esnobe, tão pretensiosa. As meninas jogavam seu cabelo alisado de chapinha para lá e para cá, enquanto dançavam qualquer coisa, de qualquer jeito, com sua taça de champagne, tentando parecer sexy. Os caras ficavam rodando pelo salão, atrás de vítimas.
Nada de novo, na verdade. Daí veio minha preguiça.

Duas festas ditas "de colônia". Sei que sou suspeita, mas sou bem mais o Bulgarian Bar. É mais a minha turma.

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