14.7.05

Indo
Não sei como você tem coragem de ir embora, me disseram outro dia. Sou muito mais feliz aqui do que lá.
Coragem? Não sei se é o termo. Claro que ficar seria ótimo. Mas algo me puxa de volta. Eu racionalizo com mil motivos emocionais e práticos, digo para mim e para os outros que é o que faz mais sentido, mas tem uma cordinha invisível amarrada em volta dá minha cintura dando leves puxões. Melhor obedecer antes que fiquem mais fortes.
Os que amarram sua felicidade à Nova York, em alguns eu acredito, em outros não. O velhinho corcunda que toca "Pour Elise" no sintetizador, para alguns bonecos made in Taiwan dançarem no meio da estação de Times Square, é mais feliz ali, e dormindo no provável quartinho de aluguel no Bronx, do que passando a velhice no vilarejinho na beira da praia lá no México de onde ele veio?
Não sei, não tenho como saber. Lógico que idealizo a vida do velhinho. Do mesmo jeito que não sei todas as circunstâncias da vida da pessoa que diz ser mais feliz aqui.
O que sei é que é bobagem condicionar sua felicidade a qualquer coisa: localização, pessoas, situações. Fui feliz aqui. Talvez não o tempo todo, mas a maior parte dele, sim. E posso (aliás, sempre fui!!) ser feliz em São Paulo. Tenho meus motivos para sorrir aqui, mas tenho outros, diferentes, para sorrir lá.

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