16.9.05

Agora há pouco, enquanto eu checava meus emails, minha avó surtou procurando um talão de cheques meu, temporariamente desaparecido. Vasculhou pelo menos três vezes todas as gavetas e prateleiras do quarto, xingou meus livros e discos, bradou que um dia ia jogar tudo fora, que aquilo só tomava pó e enchia espaço, que como é que eu conseguia viver sozinha em NY.
Nas últimas 3.628.973 vezes que isso aconteceu, eu ensandecia junto, mas no sentido oposto: ralhava até mais não poder para ela me deixar em paz, que depois eu resolvia, que o problema era meu, não sei mais o quê. Ficavam as duas loucas, uma de cada lado.
Hoje não. Simplesmente ria baixinho, observando divertida a fúria da Dona Lili, aquele gasto de energia bobo, mas necessário.
Sai, monge zen-budista, deste corpo que não te pertence.

Epílogo: lógico que o talão estava na única gaveta que ela não tinha olhado.

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