24.2.05

The Life Aquatic with Steve Zissou

Um oceanógrafo cinquentão e picareta, animais e lugares imaginários, efeitos especiais propositadamente toscos, cores completamente 70's e o Seu Jorge tirando um Bowie em português no violão pelo filme todo. Uma tiração de sarro com Jacques Costeau tão absurda, mas tão absurda, que não tem como não gostar.
Ah, eu adoro o inverno porque todo mundo se veste melhor, fica mais elegante.
Só se for no Brasil, que qualquer friozinho, o povo coloca um casaquinho de lã, uma echarpinha para dar o estilo e se acha lindo.
Por aqui, que a temperatura média é cinco negativo, a elegância também fica por aí, pelo zero. Porque quando o frio faz seu queixo perder a sensação, as mãos doerem, e dá medo de perder as orelhas, rapidinho você perde toda e qualquer vergonha de parecer a encarnação viva do boneco da Michelin.*

*expressão do Criminal, todos os direitos reservados.

22.2.05

Vodka com suco de cranberry. Três vezes mais bebedeira por um terço da peruagem de um cosmopolitan.

21.2.05

É assim: você paga uns 18 dólares por mês, e recebe três filmes, pelo correio. Pode ficar com eles o tempo que quiser. Depois que ver, é só colocar na caixa de correio (qualquer caixa de correio) que você recebe outros, de uma lista que você monta no site deles. Tem de tudo, desde as coisas mais hollywoodianas até documentários, filmes europeus, e tudo. E o site vai dando recomendações com base no que você já assistiu.
Netflix. Minhas noites "ai-tá-muito-frio-pra-sair-gente" seriam muito mais enfadonhas sem ele.

18.2.05

Portões à venda
Não se fala em outra coisa, senão em The Gates. Um casal de artistas plásticos (ele, olha só, é búlgaro) encheu o Central Park de “portões” alaranjados (cor de açafrão, cor de açafrão!), espécies de batentes de porta de uns três metros de altura com uma cortina em cada. Estão por todo o parque, não tem como ignorar. É instalação, é arte contemporânea, feche a boca e finja que entendeu.
Deu fotos bonitas, isso com certeza. A vegetação do parque está toda meio desbotada, e o laranja (açafrão!) contrasta. Todo mundo passa o dia todo por lá, câmeras a postos. Acaba por ser uma experiência comunitária, mais do que qualquer outra coisa.
E embora os dois jurem em todas as entrevistas que todo o dinheiro para o projeto veio de seus bolsos e que não vão lucrar um centavo com isso, o movimento das lojinhas de souvenires dá um ar meio mercantilista demais à coisa. Art is for sale.
Babel
- O metrô vai aumentar suas tarifas no fim do mês. Os usuários estão sendo avisados dos novos preços através de cartazes brancos espalhados por todas as estações, escritos em inglês, espanhol, coreano e russo.
- Quando se conhece alguém, a primeira pergunta é “qual é o seu nome?”. A segunda, quase tão automática quanto, é “de onde você é?”.

Ninguém “é” de Nova York. Ninguém.

13.2.05

Primeira friday night na big apple.
Começo a noite num bar com bebida cara, tocando black music pra branco cheio da grana que não sabe dançar, me irrito (claro), e termino num inferninho ouvindo indie e rock 80's. Quando saio, vejo uma placa com o nome da festa: Trash.
Globalização, hunf.

11.2.05

Way of life
Impressionante como aqui todo mundo carrega um iPod ou semelhante no ouvido. No metrô, na rua, dentro das lojas, na faculdade (calma, tiram quando a aula começa).
Todo mundo, cada um no seu mundinho, ouvindo sua musiquinha. Jovem, velho, mulher, homem, negro, branco, asiático, executivo, aposentado, não faz diferença.
Podia fazer uma analogia interessante com a política externa americana e a alienação do país com o que acontece ao seu redor, mas eu acho que isso acontece porque ninguém tem medo de ser assaltado que nem a gente, mesmo.
Não é à toa que eu adoro essa cidade. Não se passa um dia sem eu cruzar com um carrinho desses por aqui.

8.2.05

Querido diário
Uma semana, já. Aquela sensação estranha de já estar acostumada com o novo mas ainda não ter uma rotina definida.
Bem, o povo quer saber o que ando fazendo, né? Então vamos lá.
Mal cheguei, já fui para a função. Passei na faculdade para reorganizar meu horário, mudar algumas aulas. À noite, quis me jogar no mundo indie. Com o maior jet-lag da história e temperaturas abaixo de zero, lá fui eu para a frente do show do Arcade Fire com o Jayme. Lotado até a alma, e ninguém vendendo ingressos que sobraram. Nem os cambistas.
No dia seguinte, um exemplo de como a vida universitária é sempre igual, não importa se é Brasil ou Estados Unidos, pública ou particular. Cheguei na faculdade e adivinhem? A professora faltou, boys and girls. Na minha época de ECA eu nem ligava, ia fazer hora no CA, mas a maturidade finalmente chegou e eu fiquei puta. Me mandei para o Irving Plaza, a uma estação de metrô de distância, porque ia ter show do Arcade Fire de novo, lotado de novo, e eu sou teimosa que só.
Três horas no frio, do you have an extra ticket? para zilhões de pessoas. Nada, nada, nada. Era a fila do Funhouse, sem tirar nem pôr. Fiz vários amiguinhos, um deles o dono do fã-clube, message board, sei lá eu o quê, da banda, que uma hora me perguntou a banda tá logo ali, porque você não pede para eles? Pior é que eu pedi. O baterista me disse que ia tentar, a tecladista, fofíssima, foi pedir para me incluirem na lista de convidados deles só porque eu vinha do Brasil. Não conseguiu, mas me prometeu que se eu ficasse por ali quando eles voltassem do jantar tentaria me enfiar no bolo (era um grupo grande de pessoas). Tudo isso na base do meu magnetismo pessoal, porque nem ocorreu à lesa aqui falar que era jornalista e dar aquela bela carteirada. Finalmente, quando toda esperança estava perdida, aparece um cidadão com dois ingressos à venda pelos olhos da cara, mas a essa altura, ia ser extremamente brochante conseguir os ingressos e não entrar. O Jayme, que tinha aparecido lá do nada, fez a negociação e pronto.
Foi lindo. Se no disco a música é incrivelmente emocional, no palco os caras surtam. Se batem, dançam, tocam todos os instrumentos ao mesmo tempo. O povo gritava, cantava junto, aplaudia. No bis, o David Byrne apareceu e cantou com eles uma cover do Talking Heads cujo nome eu realmente não lembro agora. Olha, não é por nada, mas ou ele tá passando tempo demais no Brasil, ou o Caetano Veloso clonou todo o gestual dele no palco. Tá igual, socorro.
As fotos do show estão no flickr. Não reparem na falta de foco, eu tava longe, o flash só ia mostrar um monte de cabeção e é para essas coisas que serve o zoom.
Ainda tem que contar do The Rocky Horror Picture Show e do Superbowl. Mas depois, que esse post já está muito longo, eu estou na biblioteca e portanto deveria estar estudando, e Arcade Fire é fofo demais para misturar com outros assuntos.

6.2.05

123, testando
Acento agudo, há quanto tempo!
Acento grave, às vezes vale a pena dar as caras.
Til, não suma.
Trema, eu sei que sou uma das poucas que ainda te usa com freqüência. Do circunflexo, no entanto, ainda precisamos.
Cedilha, com seu companheiro inseparável, que satisfação em ver-te.

Bobo, né? Eu sei. Mas a aflição em escrever sem acentos foi demais para mim, esses dias. Me deixou assim. Já passa.