30.4.08

A gente ganha mal mas se diverte
Lá foram elas, a jornalista e a fotógrafa, pruma cidade de 7700 almas nas beiras do estado, fazer aquilo que sabiam: buscar uma história e retratá-la.
Pegaram um avião e duas horas de estrada, e chegaram ao lugar mais quente, feio e sem graça da terra. A história que a jornalista veio buscar não era exatamente aquilo que haviam imaginado quando a convocaram. A fotógrafa olhava ao redor, desconsolada, pensando que milagre teria que fazer para conseguir imagens bonitas. Mas nada temam, as duas são profissionais e as páginas não vão sair em branco.
De resto, os causos de cidade pequena para contar na volta. A mexeriqueira que sempre dava um jeito de "dar uma passadinha para dar oi" onde quer que elas estivessem e achava o prefeito, dono da usina de álcool local, "um gato, né?"; o almoço que começava às 11h30, que colocava a cidade toda numa espécie de siesta e fez as duas paulistanas ficarem dentro do carro ligado, com o ar condicionado no máximo; o almoço no bar da praça central, cujo feijão era povoado de uns nacos de carne de origem desconhecida, que mais pareciam pedaços de sola de sapato e que foram devidamente deixados de lado no prato; a pousada à beira de um Tietê limpinho, que encantou a fotógrafa e a fez relaxar do dia cansativo tomando um banho de rio; banho este que foi abreviado pela curiosidade do jacaré que resolveu conferir de perto a barriga de cinco meses de gravidez da fotógrafa; a piranha amiga do jacaré resolveu dar sinal de sua existência assim que a fotógrafa estava fora da água; a presteza da filha da dona da pousada, que, na falta de jantar para as hóspedes, ofereceu para buscar "a melhor pizza da cidade"; pizza esta que foi pedida nos sabores de quatro queijos e margherita, apesar da jornalista ter pedido mussarela, "porque a quatro queijos daqui só vem mussarela, mesmo"; a dificuldade das duas em ingerir a tal pizza melhor da cidade -- "se esta é a melhor, imagina a pior"; da engambelada que os donos da pousada deram na jornalista, cobrando pela diária mais que o dobro que o combinado, e quando ela foi reclamar, deixaram a nota fiscal na prefeitura e literalmente sumiram; e, finalmente, a funcionária da prefeitura que, simpática, comentava como o emprego dela era estressante, menina!

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