Noite de quinta-feira, véspera de feriado, restaurante japonês lotado. Duas amigas sentam perto da janela. Com aquele calor abafado, visitantes indesejados aparecem no salão.
Uma delas vê, solta um aaaaaaaaaaaiiiiiii, barata, barata em poucos decibéis para não causar escândalo e instintivamente tira os pés com suas sandálias caras do chão. A outra não viu nada, mas corre para fechar a conta, o apetite fugiu no momento em que a cascuda apareceu.
A garçonete não entende porque as moças insistem em pagar a conta direto no caixa, se eles têm a tal maquininha que vai até a mesa, até parece que querem ir embora correndo. Chegando lá, a que não viu a barata e portanto está mais calma resolve explicar, em voz bem baixinha, pelo bem do resto dos clientes: olha, é que a gente viu uma barata, ela foi naquela direção.
A garçonete agradece, solta uma débil justificativa, é o calor, né, puxa uma colega e avisa entredentes: presta atenção, tá, tem Gregor no salão, avisa as outras, Gregor no salão".
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Olha, não faço a menor idéia se isso é jargão da área (deve ser), mas eu adorei. Positivamente kafkaniano.
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