1.4.10

A nova moradora
O que é você?
Ela me chama de Tonton. Qual o seu nome?
A dona me chama de Lola. Como você é pequena, cheira diferente.
Você sabe onde está a minha mãe? Onde estão meus irmãos?
Não faço idéia. Como você veio parar aqui?
Não sei, me trouxeram num caixote. Que lugar é esse? Quero a minha mãe!
Calma, guri. Venha, vou te mostrar a casa.
Quando você sentir vontade, venha nessa caixa aqui, se alivie e depois jogue a areia em cima, viu como se faz?
Aqui fica a comida e água. Olha, tem um pote separado, deve ser para você.
Mas a sua é melhor.
Pode comer da minha, eu como da sua e ela nem vai perceber.
Aqui você passa as unhas. Você vai ver, elas crescem e incomodam de vez em quando. Ei, cuidado!
Eeeeeee! Vou escalar esse pano!
Riiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiip
Ai, rasgou! Olha que a dona é mansa, mas quando ela vir esse estrago, vai te fechar na cozinha e você vai ter que gritar por muito tempo e muito alto até ela te soltar. E ai de você se ela achar que fui eu e me colocar de castigo, hein, guri.
Aliás, quando a dona estiver em casa, com o olho fixo na caixa colorida, só eu posso subir nela, combinado? Nem pense em pegar meu lugar.
Hum-hum.
Agora sai, vou tirar um cochilo.
...
Que foi? Porque você ainda está aqui?
É que, é que... Estou com frio, sabe, posso deitar contigo?
Pule aqui e se aperte.
Você vai ser a minha mãe de agora em diante?
Não sei o que é isso. Espera, tem uma sujeirinha no seu rosto, deixe que eu limpo.
Purrr.
Purrr.


Eu escrevi isso há seis meses, quando ainda era dona de uma gata só e não tinha muita idéia de como dois gatos convivem, apenas de ver na casa de amigos. Desde sábado, a casa ganhou mais uma. Meia, na verdade, porque a Carlota é um cotoquinho de gato que se passar correndo pode passar tranquilamente por uma ratazana clarinha.
Ela veio com uma função bem definida: socializar melhor a Bela, que anda neurótica e com uns comportamentos disfuncionais meio sérios -- ela pegou mania de mastigar tecidos, e isso pode dar uma obstrução gástrica e não sei mais o quê. Levei a Carlota para casa depois de tentar terapias das mais diversas, desde florais, cds, dvds, remédios tarja preta, teve de tudo.
Mas tente resistir ao encanto de um bebê de rabo quebrado que te segue por onde você vai, mia fininho, pede colo e se agarra em você.
Aí eu vi o quanto eu tinha idealizado a coisa no texto aí de cima, porque, meus amigos, fula da vida não começa nem a descrever a reação da Bela.Aos poucos está melhorando, já dá suas lambidinhas e brinca com a Carlota. Obviamente, na minha frente ela está blasé como só um gato consegue ser. Mas é fato: desde sábado ela não mordisca uma almofada ou uma roupa minha.

3 comentários:

Jan disse...

o amor venceu!
quero conhecer a Carlota logo!
beijos.

Unknown disse...

Pode vir que a casa é sua. :)

Jan disse...

vou ver se passo ai no sabado de tarde, pode ser?
quase adotamos uma bandoleira sabado passado, depois passa no meu blog pra ler a respeito... beijos.