9.9.10

Da importância de um bom editor
E eu contei aqui, um tempinho atrás, que estava meio-mais-ou-menos-um-pouquinho obcecada com Black Swan. Agora que ele passou no Festival de Veneza até devo conseguir em algum torrent da vida, mas no mês passado, não ia rolar.

Aí fuçando aqui e ali, consegui o roteiro. Não um, dois -- e que exercício interessante foi lê-los. Não sei se o quanto o mais bem acabado era o final, porque vi algumas mudanças já no trailer. Mas as diferenças entre os dois eram gritantes, e mostravam claramente que uma boa idéia, como as pessoas, não nasce pronta. Precisa que alguém cuide, alimente, dilapide, vista, entenda.

Foi a mesma impressão que tive quando ouvi a nova versão do Welcome to the Monkey House, dos Dandy Warhols.Conheço quem tenha amado e achado muuuuuuito melhor que o disco original, o que minha audição (sóbria) ouviu porém foram versões prolixas das músicas que eu adoro. Eles se perdem em 200 mil acordes stoners, vozes alteradas, solos eteeeeernos. Tem toda uma estética própria, e talvez fosse o caso de ouvir, digamos, de outra maneira, mas não rolou.

Aí você compara com o disco produzido pelo Nick Rhodes do Duran Duran e vê claramente a mão do cara ali -- que viu o potencial das faixas e editou, mesmo, até elas ficarem mais palatáveis e pop. Os DW dão uma repudiada no disco, dizem que o que queriam de verdade é essa nova versão, mas é aquilo: todo mundo que já produziu algo sempre fica um pouco enciumadinho quando colocam a mão no seu bebê e alteram. Mas é preciso admitir que muitas vezes, é para melhor.

Obs: Nesse ponto, a história do Raymond Carver é exemplar. Ele quase morria de desgosto, mas o que ficou como estilo dele foi o que editor fez.

Um comentário:

Paula disse...

Sobre o potencial de uma edição:
http://www.guardian.co.uk/tv-and-radio/2010/sep/02/sherlock-mark-lawson

A série nova é realmente um luxo.