22.11.11

Do lindo blog da Noemi Jaffe:
meus pais nasceram na antiga iugoslávia. como eu gostava de ser descendente de iugoslavos e como dói não poder mais dizer isso e, a cada vez que digo este nome, precisar ouvir a pergunta inevitável: mas de qual região? como se, para o ouvinte, isso fizesse alguma diferença. iugoslávia, iugoslávia, onde você está? nem na sérvia, nem na croácia, nem na eslovênia, nem na macedônia. iugoslávia da dalmácia, de dubrovnik, de herzegovina, voivodina e do mar adriático. iugoslávia onde meu pai viu uma mulher fatiar um pão e um frango com a mão, dentro de um trem. não briguem mais, iugoslavos, me deixem dizer que sou iugoslava.
Sinto bem sua dor, Noemi. Meu pai era iugoslavo, e morreu iugoslavo. Não porque o país ainda existisse quando ele faleceu, mas porque ele não conseguia dizer SÉRVIO. Não porque necessariamente rejeitasse a Sérvia, mas era uma mistura tão grande de identificações... Ele era iugoslavo, nasceu na Sérvia, estudou na Eslovênia, de todos esses lugares e de nenhum deles, e era isso. Pouco antes do fim, ele abriu mão de vinte e muitos anos de teimosia e estava pedindo a cidadania brasileira. Melhor ser brasileiro do que ser não-iugoslavo, ele deve ter pensado.

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