Lá estava eu, de vestido preto acinturado na meia-luz da festa, quando um rapaz alto e magro me tira para dançar.
Ele pergunta meu nome, eu digo (ninguém acredita mesmo), ele pergunta onde estudo, eu rio (e assim acabam quaisquer chances que ele tinha até aquele momento). O moço-polvo de oito braços todos na minha cintura e me puxando para perto me soava algum alerta interno que eu não conseguia definir. Ele me era familiar mas eu não sabia de onde.
Desviando daqui e me esgueirando dali, consigo descobrir seu nome: P. Neste momento, trombetas celestiais ecoam pelo salão de Pinheiros, um holofote direto do céu iluminou suas feições, a epifania grita e digo para ele: "Seu pai chama R., sua mãe M, o nome da sua irmã mais velha é G., a casa de vocês fica na rua aqui debaixo, uns três quarteirões para lá."
Ele arregalou os olhos: "Agora só falta você me dizer o nome do meu cachorro". "Ah é, tem um cachorro, o nome não sei mas é um grandão".
O pobre ficou apavorado. Eu tentava explicar, mas ele não entendia, não ouvia, estava assustado demais. Nisso, chegou a irmã dele, que veio me cumprimentar alegremente. No seu ouvido, cochichei: "G., seu irmão estava dando em cima de mim".
A G. caiu no chão de tanto rir. "P., seu retardado, essa é a Natasha, prima do Rafael!" Os pais dos dois são padrinhos do meu primo de 14 anos, melhores amigos do meu tio desde que eu me dou por gente. Eu não tenho certeza, mas não duvido ter ido visitar na maternidade quando o P. nasceu. E lá estava ele, sem me reconhecer e todo cheio de amor para dar na pista de dança.
Olha, à noite todos os gatos são pardos e aquela coisa toda, mas graças a Deus pela minha memória de elefante.
2 comentários:
bem que você poderia nos presentear com mais historias fofas (e tb não fofas) do seu cotidiano....
Ah, não acho que meu cotidiano seja tão interessante assim, mas vou tentar!
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