2.1.12

Educação musical pt 2

É, a arqueologia musical continua. Depois de Achtung Baby, foi a vez de Graceland, do Paul Simon. Diz que ele foi lançado em 1986, então deve ter sido no máximo em 1987 que meus avós apareceram em casa depois de uma viagem com um novo aparelhinho chamado CD player. Era um troço pretinho, pequeno e parecido com um discman, que conectava no aparelho de som que tínhamos, de long-plays, cassetes e rádio, mas muito mais frágil e temperamental que os amarelinhos que viriam depois. Era algo próprio para quem não queria gastar trocando o som inteiro, ligava na entrada auxiliar do grande. Acho que nem podia colocar pilhas, ligava direto na tomada.

Não adianta ter um toca-discos sem discos, certo? Meu avô providenciou os deles, claro, de música clássica (lembro de alguns com aquele rótulo amarelo da Deutsche Gramophone) mas eles não esqueceram de mim: pediram para o vendedor da loja umas sugestões de discos para a netinha e voltaram trazendo Graceland, um do Aerosmith e outro do Bon Jovi -- não, não estou brincando.

Ignorei no início os discos de hard rock, muita barulheira, e fiquei mergulhada em Graceland. Lia as letras com o dicionário do lado, fui atrás de informações sobre a África do Sul e apartheid, ouvia aquele coral do Ladysmith Black Mambazo em Homeless do lado do meu avô, que adorava qualquer coisa a capella.

Quando comecei a planejar minhas férias (mais tarde escrevo sobre isso), na hora lembrei de Graceland. Botei na cabeça precisava ouvir o disco de novo antes de viajar, mas só enrolava, até que a Juliana Cunha postou no Twitter que amava Diamonds on the Soles of her Shoes, e pronto, tive o incentivo que precisava e corri pro youtube para ouvir tudo de novo. O disco bonitinho, com as músicas na ordem original, está aí embaixo para quem quiser ouvir.

Resultado: Boy in The Bubble tá em loop mental, ri um pouco com todo os arranjos 80's, e lembrei como eu gostava do zydeco (em That Was Your Mother) desse disco, sendo que eu só iria fazer intercâmbio na Louisiana dali a uma boa meia dúzia de anos. E as corridas ao dicionário para entender as letras com certeza me fizeram aprender muito mais inglês do que as aulas às terças e quintas à tarde.

Mas ainda gosto da mistureba toda e fiquei um pouco surpresa como uma menina de 10 pra 11 anos conseguiu curtir um disco assim. Mas isso é muito mais mérito do Paul Simon do que meu.

Ah, também criei um apego absurdo ao verso The Boy in the Bubble/ And the baby with the baboon heart. Tipo um três tigres tristes, sabem?

graceland by Natasha M on Grooveshark

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